domingo, 2 de setembro de 2012

Clint Eastwood: entre o ridículo e a hipocrisia

Clint Eastwood deveria pedir a George W. Bush para explicar a "cartilha responsável" da política fiscal defendida pelos conservadores.
Fotomontagem: imagens obtidas no site www.reuters.com.
Além de ridícula a aparição de Clint Eastwood conversando com uma cadeira como se falasse com o presidente Barack Obama, as “perguntas” por ele colocadas ultrapassaram por muito a linha da hipocrisia. Eastwood poderia ter colocado outra cadeira ao lado da cadeira vazia representando o ex-presidente George W. Bush. Aliás, ele poderia tê-lo convidado a estar em pessoa, já que o ator e diretor compartilha de ideias e princípios conservadores daquele que ficou conhecido nos Estados Unidos como “President Evil”.


No discurso, a responsabilidade fiscal. Na prática, os conservadores aumentam a dívida pública dos EUA financiando duas guerras inúteis e contrárias às resoluções da ONU.
Fonte: Fundo Monetário Internacional, 2009 (World Economic Outlook Database, April 2009).


Eastwood poderia ter perguntado a George W. Bush como ele conseguiu converter um superávit fiscal de 0,85% do PIB, deixado pelo antecessor Bill Clinton, em um déficit de 6,07%, quase dobrando a dívida líquida daquele país de US$3,793 trilhões para US$7,119 trilhões, segundo dados do FMI.
Isso tudo sem que fosse gasto nem US$1 per capita a mais com o sistema público de saúde, muito menos com educação, previdência ou infraestrutura. Como ele conseguiu convencer os Estados Unidos inteiros a uma paranoia desmedida, “justificando” o aumento dos gastos com “segurança”? Como ele conseguiu convencer a população dos Estados Unidos a entrar em duas guerras injustificadas, uma atrás de Osama Bin Laden no Afeganistão, quando a própria CIA havia emitido relatório dando indícios de que Bin Laden estivesse no Paquistão (onde, aliás, ele supostamente teria sido morto), e outra contra as “armas de destruição em massa” de Sadan Hussein?
Assim como os desvarios da extrema esquerda, passou da hora de o mundo abrir os olhos com os falsos puritanos da extrema direita. Estes adoram pregar sobre responsabilidade fiscal, mas quando estão no poder aumentam as benesses dos recursos públicos para as classes mais favorecidas. Os conservadores que adoram exaltar a educação privada, mas que torram dinheiro do erário público com idiotices como a “abstinência sexual” na prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez precoce.
Que os Estados Unidos da América não caiam novamente na armadilha dos republicanos da extrema direita. Aliás, o discurso de Mitt Romney é muito parecido com o de George W. Bush – para desespero das pessoas de bom senso. A verificar.
De novo? Não!