A sessão ordinária do dia 08 de dezembro de 2015 é um marco
vexatório na História do Brasil. Uma vergonha que não é alheia, já que
supostamente aqueles excelentíssimos senhores representam a todos nós da
sociedade brasileira.
Sessão de 08/12/2015: vexame nacional. Foto: Portal G1, 2015. |
Os personagens desta história são cerca de quinhentas
sanguessugas do erário público, comediantes de um humor macabro que escarnece
do povo brasileiro enquanto a economia afunda e a sociedade se esfacela em
problemas seculares não resolvidos. Além, obviamente, de uma Presidente da República
que cometeu inúmeros impropérios durante a gestão, eleita e reeleita por um
partido que chafurda em denúncias de corrupção.
Partido que se advogava estandarte da Ética quando oposição
há 20 anos, enquanto a hoje oposição era a situação de 20 anos atrás que
chafurdava em similares denúncias de corrupção. Que usou e abusou da velha e
nefasta política do "é dando que se recebe", iniciada na década de
1980 e institucionalizada tacitamente como prática inevitável para a
governabilidade.
Outrora advogando-se "partido da Ética", o PT hoje chafurda em denúncias de corrupção. Foto: Portal G1, 2015. |
Respeitável público! O comediante-mor dessa sátira dantesca
é o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que ria cinicamente durante a sessão!
Eduardo Cunha! Homem com traços ditatoriais em todos os sentidos. Desde o
envolvimento em escândalos de corrupção durante toda sua história política, até
o uso de manobras ardilosas para deter quaisquer investigações que coloquem em
risco seu poder e sua riqueza.
O mesmo Eduardo Cunha que é investigado por ter sido
abastecido pelo propinoduto para aprovar os interesses do governo
do PT. Que tem o nome na lista do Petrolão! Que teve contas na Suíça descobertas, embora jurasse, em flagrante quebra de decoro parlamentar, que não tivesse contas fora do país. E que, uma vez contrariado, como
uma criança mimada que leva a bola para casa, usa do revanchismo torpe para
lançar ao linchamento moral o mesmo governo que o alimentou. Típico de um
gângster mafioso que quer preservar sua área de influência metralhando a gangue
rival.
Piadista de mau gosto: denunciado na Lava-Jato, Eduardo Cunha envolveu-se ao longo da carreira política em inúmeros escândalos de corrupção. Foto: Portal G1, 2015. |
Ridiculamente, detratores do indefensável governo do PT têm
Cunha como o herói nacional que pode salvar o Brasil das garras da Presidente
Dilma. Não se apercebem que ele apenas quer se safar das investigações da
Lava-Jato e está usando as armas mais sórdidas para consegui-lo. Provavelmente
conseguirá.
Já os integrantes da oposição, muitos dos quais sob
investigação de incontáveis escândalos de corrupção, posam de salvadores da
pátria. PSDB e DEM estão esperando a carniça terminar de apodrecer para voltar
ao poder e continuar a ladroagem de onde pararam, 13 anos atrás.
A oposição quer voltar ao poder para continuar de onde parou há 13 anos. Fotomontagem: capas da revista Veja, 2015. |
O último personagem é um Vice-Presidente que vê agora a chance de alcançar o maior posto do poder político. Um óbvio oportunista que nos bastidores se alia à oposição e a Cunha para negociar a chegada ao poder em troca do uso de seu cargo para abafar investigações. Bem. Pelo menos abafar a parte das investigações que toca seus partícipes. Para que possam nadar sozinhos e impunes no mar da bandalheira, como sempre fizeram há 50 anos e como provavelmente continuarão a fazê-lo pelos próximos 50.
Com tal cenário desenhado e um país polarizado, as cenas que
se viram na sessão ordinária foi o abandono completo da civilidade. Deputados
da base governista se lançaram como cães raivosos contra as urnas que apuravam
a votação de qual chapa conduziria o processo de impeachment. Enquanto a
oposição dançava como membros de tribos primitivas do século I, não fossem
pelos celulares a filmar a cena embaraçosa, alternando com momentos de
pré-adolescentes na 5ª série do ensino fundamental, a fazer gracinhas e
insultos contra os deputados governistas.
Momentos 5ª série: oposição faz insultos a deputados governistas. Sim! Este é o Parlamento do Brasil-zil-zil-zil! Foto: Portal G1, 2015. |
Enfim, uma cena grotesca! Que infelizmente condiz com o
momento atual em que vivemos, rumos à incivilidade, quiçá à barbárie. Nossos
parlamentares de fato representam tudo aquilo que de pior existe na sociedade
brasileira. Enquanto a mesma sociedade os continuará elegendo por falta de
opções, pela manutenção de uma estrutura partidária que preserva os velhos
caciques em detrimento da renovação política. Lamentável! Tudo! E em todos os
sentidos!