Às vezes, nossos corações se enchem
de esperança. Acreditamos estar fazendo a coisa certa. Aquilo faz sentido, é o
óbvio, é o que tem de ser feito. Reunimos todas as nossas energias e seguimos
em frente. Acreditando, empreendendo, fazendo.
Acreditamos que outras pessoas
partilham das mesmas esperanças, das mesmas revoltas, das mesmas angústias.
Acreditamos que seguiremos adiante – e seguimos... Até que olhamos para os
lados e percebemos que estamos sós, que ninguém mais acompanha. A primeira
pessoa, que julgávamos ser do plural, é do singular.
E eis que sobrevém o que é realmente
óbvio. E com a verdade revelada, um sentimento de vergonha por ter acreditado
em algo tão ridiculamente impossível. De ver que a esperança, a revolta e as
angústias eram somente da primeira pessoa do singular. Enquanto a terceira
pessoa do plural, mesmo bradando por breve intervalo, quer na verdade que tudo
continue exatamente como está.