sexta-feira, 13 de julho de 2012

Falta Rock ‘n’ Roll às novas gerações



Rock ‘n’ Roll literalmente significa “agitar e rolar”. Uma provocativa alusão ao sexo, em um período no qual imperava o falso puritanismo dos Estados Unidos, à época um país extremamente conservador, racista e sexista.

O Rock ‘n’ Roll é filho do Blues, que foi a mais bela expressão da música negra também nos Estados Unidos. O Blues era música folclórica rural, nascida entre os negros plantadores de algodão, popularizada em ritos das igrejas protestantes. Quando veio para a cidade, ainda na década de 1930, na voz de Robert Johnson, foi a primeira manifestação popular a ganhar expressão, em uma era de forte opressão e segregação raciais.


A transição do Blues para o Rock ‘n’ Roll foi feita por um negro, Chuck Berry. Nesse ínterim, um jovem caminhoneiro branco que crescera assistindo escondido aos cultos das igrejas negras de Memphis, começou a imitar o timbre de voz característico dos negros. E foi esse branco, Elvis Presley, que consagrou o Rock ‘n’ Roll com sua dança frenética, enlouquecendo as moças acostumadas à opressão machista. Nascia ali toda uma cultura destinada especificamente ao público jovem. Então, Beatles e Rolling Stones inauguraram a era das bandas de Rock.

Os anos 1960 foram uma época traumatizante aos jovens americanos que foram obrigados a lutar e morrer no Vietnã em nome de uma suposta liberdade democrática, contra o domínio comunista que assombrava o mundo capitalista. E foi aí que a expressão mais notória do Rock ‘n’ Roll se destacou: a CONTESTAÇÃO. “Faça amor, não faça a guerra” era uma frase óbvia aos jovens embalados pela liberação sexual das mulheres graças à popularização da pílula anticoncepcional. Não havia sentido morrer em vão, defender uma pseudo-liberdade, uma falsa democracia opressora, enquanto uma casta privilegiada vivia cercada de fartura.

Não seria exagero dizer que o Rock ‘n’ Roll acabou com a Guerra do Vietnã. O Festival de Woodstock formou opinião entre os jovens e dali para o restante dos Estados Unidos. E para o mundo. No famoso Maio de 1968 na França, nos movimentos estudantis contra a ditadura militar e em todas as mobilizações de jovens dos anos 1960 aos 1980, qual a trilha sonora? Óbvia resposta: Rock ‘n’ Roll!

Mais do que um gênero musical, o Rock ‘n’ Roll representou a união entre a juventude, significou a confluência de interesses diversos em torno de uma causa comum. Representou a rebeldia com propósito, com objetivo, com sentido de existência.

Assim, falta Rock ‘n’ Roll às novas gerações. Acostumadas ao individualismo ao extremo, o ritmo das novas gerações é chocho e monótono, quando não brega. Ditado pelos modismos do período, não tem qualquer resquício de musicalidade. Do Pop americano com as Lady Gagas da vida, passando pelos Raps que perderam a essência da contestação para se tornarem praticamente sexo explícito em forma de ritmo, chegando ao Brasil dos Pagodes e Sertanejos Universitários (sic!), com poesia pobre, rimas toscas e impostação vocal irritante.

Falta a musicalidade do Rock ‘n’ Roll às novas gerações, que perdem a cada “ai se eu te pego” a capacidade de discernimento de notas e acordes. Faltam as letras contestatórias do Rock ‘n’ Roll, já que a cada “tchu tchá” a juventude perde a capacidade de se aperceber dos problemas sociais, em uma espécie de anestesia cerebral. E, principalmente, falta às novas gerações a capacidade de se mobilizarem em torno de uma causa maior, uma causa coletiva, uma causa que não seja o mero consumismo desenfreado e desmedido que está acabando com nosso planeta. O Rock ‘n’ Roll teve esse espírito de mobilização. As músicas atuais não têm. Aliás, as músicas atuais não têm qualquer espírito.

Feliz Dia do Rock!!!