Rock ‘n’ Roll literalmente significa “agitar e rolar”. Uma
provocativa alusão ao sexo, em um período no qual imperava o falso puritanismo dos
Estados Unidos, à época um país extremamente conservador, racista e sexista.
O Rock ‘n’ Roll é filho do Blues, que foi a mais bela
expressão da música negra também nos Estados Unidos. O Blues era música
folclórica rural, nascida entre os negros plantadores de algodão, popularizada
em ritos das igrejas protestantes. Quando veio para a cidade, ainda na década
de 1930, na voz de Robert Johnson, foi a primeira manifestação popular a ganhar
expressão, em uma era de forte opressão e segregação raciais.
A transição do Blues para o Rock ‘n’ Roll foi feita por um
negro, Chuck Berry. Nesse ínterim, um jovem caminhoneiro branco que crescera
assistindo escondido aos cultos das igrejas negras de Memphis, começou a imitar
o timbre de voz característico dos negros. E foi esse branco, Elvis Presley,
que consagrou o Rock ‘n’ Roll com sua dança frenética, enlouquecendo as moças
acostumadas à opressão machista. Nascia ali toda uma cultura destinada
especificamente ao público jovem. Então, Beatles e Rolling Stones inauguraram a
era das bandas de Rock.
Os anos 1960 foram uma época traumatizante aos jovens
americanos que foram obrigados a lutar e morrer no Vietnã em nome de uma
suposta liberdade democrática, contra o domínio comunista que assombrava o
mundo capitalista. E foi aí que a expressão mais notória do Rock ‘n’ Roll se
destacou: a CONTESTAÇÃO. “Faça amor, não faça a guerra” era uma frase óbvia aos
jovens embalados pela liberação sexual das mulheres graças à popularização da
pílula anticoncepcional. Não havia sentido morrer em vão, defender uma
pseudo-liberdade, uma falsa democracia opressora, enquanto uma casta
privilegiada vivia cercada de fartura.
Não seria exagero dizer que o Rock ‘n’ Roll acabou com a
Guerra do Vietnã. O Festival de Woodstock formou opinião entre os jovens e dali
para o restante dos Estados Unidos. E para o mundo. No famoso Maio de 1968 na
França, nos movimentos estudantis contra a ditadura militar e em todas as
mobilizações de jovens dos anos 1960 aos 1980, qual a trilha sonora? Óbvia
resposta: Rock ‘n’ Roll!
Mais do que um gênero musical, o Rock ‘n’ Roll representou a
união entre a juventude, significou a confluência de interesses diversos em
torno de uma causa comum. Representou a rebeldia com propósito, com objetivo,
com sentido de existência.
Assim, falta Rock ‘n’ Roll às novas gerações. Acostumadas ao
individualismo ao extremo, o ritmo das novas gerações é chocho e monótono,
quando não brega. Ditado pelos modismos do período, não tem qualquer resquício
de musicalidade. Do Pop americano com as Lady Gagas da vida, passando pelos
Raps que perderam a essência da contestação para se tornarem praticamente sexo
explícito em forma de ritmo, chegando ao Brasil dos Pagodes e Sertanejos
Universitários (sic!), com poesia pobre, rimas toscas e impostação vocal
irritante.
Falta a musicalidade do Rock ‘n’ Roll às novas gerações, que
perdem a cada “ai se eu te pego” a capacidade de discernimento de notas e
acordes. Faltam as letras contestatórias do Rock ‘n’ Roll, já que a cada “tchu
tchá” a juventude perde a capacidade de se aperceber dos problemas sociais, em
uma espécie de anestesia cerebral. E, principalmente, falta às novas gerações a
capacidade de se mobilizarem em torno de uma causa maior, uma causa coletiva,
uma causa que não seja o mero consumismo desenfreado e desmedido que está
acabando com nosso planeta. O Rock ‘n’ Roll teve esse espírito de mobilização.
As músicas atuais não têm. Aliás, as músicas atuais não têm qualquer espírito.
Feliz Dia do Rock!!!